quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O Gêneses carioca: Vamos viajar por Ramos



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È de suma importância estudar nossas origens a fim de dar valor a nossos bairros. O processo de melhoramento de uma localidade passa pelo amor de sua população, pelo reconhecimento de sua história.
Já passamos por Bráz de Pina e Cordovil, hoje vamos viajar por Ramos, um bairro pioneiro do samba, lugar de artistas, de famílias influentes e de uma praia já chamada “ Copacabana do subúrbio “.
Vamos entender como a terra dos índios Tamoios se transformou no belo bairro nos dias de hoje.

Voltando ao passado: A história do Engenho

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Teve importante papel na economia da cidade, com a larga escala de sua atividade açucareira e lavouras de subsistência para o mercado interno. Havia ali uma grande pedra explorada como pedreira, já desaparecida. As terras da Fazenda do Engenho da Pedra abrangiam os atuais bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso e parte de Manguinhos, ocupando a maior faixa do chamado “Mar de Inhaúma”, situado entre o porto de Maria Angu próximo à Penha e à Ponta do Caju, correspondente hoje em grande parte à região da Maré. Na atual Praia de Ramos desembocava a Estrada Velha do Engenho da Pedra.

Voltaremos ao ano de 1613, quando nesse ano foi fundada a Fazenda do Engenho  de Santo Antônio da Pedra com sede no terreno aonde hoje é a Avenida Brigadeiro Trompowsky até o Iate Clube de Ramos. Provavelmente era um engenho de açúcar e usava escravos para o trabalho (ainda em pesquisa). Quem adquiriu as terras foi à família Souto Mayor.

Cem anos depois, em 1713, a fazenda foi dividida em duas, onde se deu a origem a fazenda do Engenho da Pedra e a  de Nossa Senhora de  Bonsucesso .  A de Nossa Senhora de Bonsucesso foi adquirida por Francisco Luiz Porto, casado com Cecília Vieira de Bom sucesso, que mandou construir uma pequena capela de madeira, a de Nossa Senhora de Bonsucesso, no porto de Inhaúma, atual acesso a linha amarela.

Em 1792 as fazendas foram reunificadas pelo Sargento mor José Dias de Oliveira, avô de Leonor Mascarenhas de Moraes. Com o passar do tempo, a produção de cana de açúcar foi sendo substituída pela de café.

Toda essa região pertencia a sesmaria de Inhaúma e se estendia pelos bairros de Manguinhos, Bonsucesso , Ramos e Penha, antes pertencentes a freguesia de Irajá, criada em 1644, porém em 27 de janeiro de 1743 foi desmembrada dessa freguesia , dando origem a Freguesia de Inhaúma. Essa freguesia tem como nome original Freguesia de São Tiago de Inhaúma, teve como primeiro proprietário o vigário – geral Clemente Martins de Matos, por doação feita pelo padre Custódio Coelho em 1684.

O Vale de Inhaúma tinha extensa terra fértil, totalmente povoada e elaborada pelos padres jesuítas com ajuda forçada dos escravos. Depois da expulsão da Companhia de Jesus, as terras foram confiscadas e repassadas.

No século XIX( algumas biografias dizem no meio do século e outras no final ), a fazenda de Nossa Senhora do Bonsucesso chegava nas mãos de Leonor Mascarenhas de Oliveira, que solteira, deixou treze lotes em testamento , a serem divididos entre seus parentes e amigos.
Ao seu filho de criação, o Padre David Semeão ,” preto de boa criação”, coube a casa, a capela de Santo Antônio de Lisboa e a fábrica de aguardente da fazenda do Engenho da Pedra. Outro lote foi para o Doutor João Torquato de Oliveira, formado em medicina, era filho da escrava Delfina, herdou a casa da fazenda Nossa Senhora de Bonsucesso, região que hoje forma o centro de Ramos e Bonsucesso. Os outros onze herdeiros ganharam terras entre o Engenho da Pedra e o Porto de Mariaangu.

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Porto Maria Angu




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Praia Maria Angu


Em 1870, a viúva de Torquato, a Irlandesa Francisca Hayden , vendeu algumas de suas terras ao capitão José Fonseca Ramos , secretário da Academia militar da Corte, um homem poderoso e de influência.  A fazenda dos Bambus foi adquirida pelo capitão e foi o começo do nascimento do bairro de Ramos.

Os descendentes do velho capitão tiveram a ideia de começar a urbanizar a fazenda, transformar o local num lugar de residência, isso foi muito impulsionada pela passagem da linha de trem da Estrada de Ferro do Norte, futura Leopoldina.  A companhia fez um acordo com o capitão , pedido autorização para passar com a estrada de ferro( era um costume da empresa ), então ele solicitou uma parada para sua família ser beneficiada pela novidade tecnológica, foi ai que nasceu a parada Ramos.
Pouco depois a fazenda foi vendida para o português Teixeira Ribeiro, que foi casada com a filha do Torquato. Ele e seu filho, João Teixeira Ribeiro Junior lotearam as terras e começaram a abrir ruas, viram isso como um bom momento de adquirir um bom dinheiro, já que  cidade estava se expandido para antiga zona rural. Essas ruas foram abertas sem água encanada e nem luz, porém foi o começo da urbanização.O bairro adotou o nome da parada do trem e as primeiras ruas foram abertas :

1-      Uranos
2-      Professor Lacê
3-      Aureliano Lessa
4-      Euclides Farias
5-      Roberto Silva
6-      Teixeira Franco

Nessas ruas forma surgindo s primeiros casarões, onde famílias com suas pequenas chácaras habitavam esse local novo. Na Rua Professor Lacê surgi a primeira escola da Região , hoje a Escola Padre Manuel de Nóbrega. Abrindo um parêntese bem interessante sobre esse colégio. Em 1900, a professora Leopoldina Rêgo, da família dos Regô, donos das terras de parte de Ramos e Olaria, junto com seu marido João Alfredo do Amaral, abriram as salas da frente de sua linda residência para o funcionamento de uma escola, Leopoldina era neta de uma dos primeiros moradores da região, José Francisco Ferreira Rêgo, e foi uma das primeiras professoras do bairro. Em 1914, a prefeitura comprou o imóvel e abriu uma escola, a escola Paraguai, hoje Padre Manuel de Nobrega. O primeiro diretor foi Rodolfo Lacê (que daria o nome a rua) e Leopoldina trabalhou como professora no local.Ela alfabetizou tantas pessoas que ganhou em homenagem o nome de uma rua, rua essa que liga de ponta a ponta Ramos e Olaria.

Outro Personagem significativo de Ramos foi João José Batista, popularmente conhecido como “Andorinha”, caixeiro- viajante da Fábrica de Tecidos Andorinhas. Essa atividade fez com que ele  acumula-se uma fortuna, já que o Brasil , no começo do século XX, viviam basicamente do café e da produção Textil. Batista construiu a primeira mansão de Ramos, sua casa, onde hoje está o Sesc de Ramos  EM sua residência , constantemente eram feitas reuniões de kardecistas, que atraia grande público. Todas as casas construídas a mando do Andorinhas tem em sua faixada adornadas com duas andorinhas, e até hoje ainda resiste algumas dessas residências.

Por volta de 1910, parte das terras ainda virgens do Padre Semeão, chegaram as mãos do coronel Joaquim Vieira  Ferreira, membro ativo de uma ilustre família de médicos , advogados e militares. Ele foi o fundador do periódico Cosmopolita que circulou entre 1912 a 1917 e tinha sede na rua  do Ouvidor. Nessas mesmas terras , o coronel fundou a Vila Gérson , nome em homenagem a seu primogênito , falecido ainda jovem. Junto com sua esposa , Ruth Ferreira ( nome de rua ) fundaram ali a Escola Gérson , em 1911. A escola oferecia vários cursos para crianças carentes da região

“De Olaria chegamos a Ramos, reduto também de Guimbaustrilho e, principalmente, da Imperatriz. Salve Ramos, terra de Bala Ruth”
Nei Lopes

Ramos Atual ...

Bairro da Zona da Leopoldina( subúrbio), na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro,é um bairro carioca tradicional e um dos principais redutos do samba e chorinho carioca, terra onde Pixinguinha ficava  .Faz limite com os bairros Olaria, Complexo do Alemão, Bonsucesso e Complexo da Maré na Avenida Brasil. Seu IDH, no ano 2000, era de 0,857, o 47º melhor da cidade do Rio de Janeiro.



Pontos turísticos de Ramos
Estação trem



"Ninguém sabia porque Ramos assim se chamava. Como eu trabalhava na Prefeitura, fiz a pesquisa. Resultado: tive as maiores decepções até descobrir a quem pertenciam as terras da estação de trem. Estas pertenciam à família Fonseca Ramos, que cedeu uma faixa para colocar o trem, em 1886, mas com a condição de fazer uma estação para a família quando essa viesse passar o fim de semana no sítio. Antes, era de São Francisco Xavier direto até a Penha. A inauguração da estação de Ramos foi em 23 de outubro de 1886" (João Gonçalves de Lima Filho e Bete Silva, 2004).
Em 1986, a locomotiva Pacific 327 a vapor comemorou os 100 anos da estação e do bairro.

Marco Inaugural da Antiga Rio- Petropolis

Fica no quilometro 3 da rua Uranos, quase em frente a rua Senador Mourão Vieira. As ruas da Leopoldina eram caminho obrigatório para quem ia a Petrópolis. Com a abertura da Avenida Brasil em 1946, a Rua Uranos deixou de ser parte do trajeto de subida da serra.

Colégio Cardeal Leme

O nome do colégio é uma homenagem ao clérigo católico Sebastião Leme de Oliveira Cintra(1882-1942), que foi elevado a cardeal pelo Papa Pio XI, em 1930, e assumiu logo depois a arquidiocese do Rio de Janeiro. O colégio foi fundado nos anos 20, graças a iniciativa da família Mourão Vieira, um de seus filhos, o Antonio Mourão Vieira Filho era educador e se tornou um politico influente da região , sendo três vezes vereador.

Social Ramos Clube

Localizado no antigo Sítio dos Bambus, foi inicialmente o Centro Progressista e Social de Ramos, fundado por comerciantes locais que decidiram transforma-lo em um clube recreativo. As atividades começaram em 1947.

Imperatriz Leopoldinense

A fundação da escola de Samba foi no dia 6 de março de 1959, com as cores verde e branco. A escola surgiu na dissidência do bloco Recreio de Ramos. Seu crescimento foi rápido e, desde 1965 está entre as grandes do carnaval. O nome foi uma homenagem a todos os bairros servidos pelo trem da linha Leopoldina.

Cacique de Ramos

1961- reunião de amigo em Ramos, surge o Cacique de Ramos, sendo fundado pelos irmãos Bira, Ubirany e Ubiracy, e os amigos Walter Tesouriha e Aymoré do Espírito Santo





Bibliografia

Freguesias do Rio Antigo
Evolução Urbana da cidade de Rio
Ramos , Olaria e Penha
diariodorio.com

http://camposelima.blogspot.com.br/2010/12/o-bairro-de-ramos.html